Apresentação

GUARANI

Os professores cursistas e orientadores de estudos, lideranças e anciãos Guarani (em sua maioria Mbya) integram o mais numeroso povo indígena no Brasil, abrangendo sua ocupação os estados do RS, SC, PR, SP, RJ, ES e MS, com aldeias excepcionalmente em TO, PA e MA. Em Santa Catarina os Guarani situam-se em vinte aldeias no litoral, afora áreas/locais no meio-oeste, no oeste e no extremo-oeste. Faz-se necessário ressaltar que em algumas Terras Indígenas (TIs) da região Sul há famílias Guarani compondo espaços com grupos Kaingang e Laklãnõ-Xokleng em terras demarcadas para estas últimas etnias. A recíproca é verdadeira, entretanto, em acentuada menor escala.

As terras guarani foram demarcadas tardiamente quando comparamos esse processo com os outros dois grupos e isso se deve ao fato de serem histórica e erroneamente considerados como integrados à sociedade nacional e também nômades. Todavia, a literatura etnológica sobre os Guarani demonstra a importância da caminhada – oguata – e, por conseguinte, de sua mobilidade territorial: circulam dentro de um vasto território, denominado por eles de yvyrupa – nosso território, ou ainda tataypyrupa – os locais de assento dos fogos.

Dentro desse território de ocupação não exclusivo, suas aldeias situam-se em diferentes regiões, não são contínuas e estão entremeadas das mais variadas formas de ocupação humana. Nesse sentido, o território de ocupação guarani, ou yvyrupa, supera os limites físicos das aldeias e, inclusive, ultrapassa as fronteiras nacionais, estabelecendo relações de troca de bens materiais e imateriais. As aldeias guarani não são pequenos espaços circunscritos. Quanto mais circulamos por esses locais, percebemos que há uma linha, muitas vezes invisível – pelas mudanças nas paisagens provocadas pelas estradas, empreendimentos e construções – que tece todas as aldeias, formando uma verdadeira teia de relações, sentimentos, conhecimentos.

Esses professores orientadores de estudo e cursistas são falantes da língua guarani, na qual sobressai-se a diversidade quanto a pronúncias, vocábulos e escrita, pertencente ao tronco linguístico Tupi-Guarani. Valoriza-se essa diversidade que é ressaltada principalmente na grafia de palavras presentes nos trabalhos elaborados nas escolas das aldeias.