Caminhos da educação diferenciada

A escola, que no passado contribuiu na perda da cultura, hoje vem sendo um veículo de propagação e fortalecimento dos conhecimentos, e principalmente de reafirmação e valorização étnica Laklãnõ-Xokleng, buscando trabalhar com sábios e anciões (ãs) de nossa comunidade os saberes tradicionais. Um desafio constante para um professor indígena, que deve mostrar para seu aluno os conhecimentos dos não indígenas e os conhecimentos do seu povo.

O papel do professor indígena na escola é desafiador, pois ao mesmo tempo em que trabalha com seus alunos, os conhecimentos dos não indígenas, ele tem que buscar os saberes tradicionais para também serem repassados, articulando-os.

Atualmente os Orientadores da Cultura e da Língua desempenham na escola o papel de intermediários, pois buscam os conhecimentos para levarem até os professores, auxiliando-os nos trabalhos desenvolvidos com as turmas e promovendo encontros dos sábios com os alunos e professores, nos quais os mesmos aprendem com os anciões os saberes tradicionais em contato com a língua Laklãnõ-Xokleng.

Nestes trabalhos desenvolvidos um dos temas foi a alimentação tradicional, tema sobre o qual atualmente a maioria das pessoas de nossa comunidade não tem conhecimentos sobre os rituais de sua preparação que, gradativamente, foi quase toda substituída pela alimentação industrializada.

Quando “viviam no mato“, nossos antepassados tinham como base uma alimentação inteiramente extraída da natureza, composta principalmente da carne de caça de animais e aves silvestres, ou seja, a carne sempre foi o sustento principal. Também se alimentavam de pinhão, frutas nativas, palmito, coqueiros, mel de abelhas e os favos com as larvas de abelha. E ainda fazia parte do cardápio os chamados zẽndju (larva do tronco de coqueiro podre), pénhgó (larva encontrada no tronco podre de pinheiro araucária) e vuggó (larvas nas taquaras).

Práticas como estas são trabalhadas atualmente nas escolas da nossa Terra Indígena, junto com alunos, professores e a comunidade. 

Texto dos professores Copacãm Tschucambang e Josiane de Lima Tschucambang